“Vermelho Sangue”: a nova série teen de fantasia que divide críticos e lembra a Malhação

Quando Globoplay estreou, nesta sexta‑feira, 2 de outubro de 2025, a série Vermelho Sangue, o Brasil recebeu um drama teen de fantasia que já está gerando polêmica. Criada por Cláudia Sardinha e Rosane Svartman, a trama traz Laura Dutra como Luna, uma "lobimoça‑guará" que lida com maldições, vampiros e paixões proibidas. O que torna o lançamento ainda mais impactante é a comparação imediata feita pela crítica com a lendária Malhação, a novela juvenil que marcou gerações entre 1995 e 2020.

Contexto e antecedente: da Malhação ao streaming

A Malhação foi o maior sucesso de longa duração da Rede Globo, com 5.151 episódios ao longo de 27 temporadas. Seu fim, em 15 de maio de 2020, deixou um vazio no calendário juvenil da televisão aberta. Desde então, o público jovem migrou em massa para plataformas on‑line, e a Globoplay tem se posicionado como a principal alternativa doméstica.

O lançamento de Vermelho Sangue sinaliza a tentativa da emissora de ocupar a lacuna deixada por Malhação, mas com uma pegada mais ousada: elementos sobrenaturais, linguagem adulta e cenários de sexo explícito. Essa mudança reflete a estratégia de competir com gigantes globais como Netflix, Amazon Prime Video e Disney+, que já oferecem séries jovens reacendidas de vampiros e lobisomens.

Detalhes da produção e da narrativa

Filtrada em diversas cidades do Brasil, a produção aposta em efeitos visuais que lembram jogos de RPG. A protagonista Luna, interpretada por Laura Dutra, descobre a própria maldição ao ser mordida por um lobisomem‑guará, espécie inspirada no canídeo nativo do Cerrado, o guará‑cavalo (Chrysocyon brachyurus).

Ao cruzar caminhos com Letícia Vieira, que interpreta Flora, Luna vê suas transformações intensificarem, gerando um vínculo que mistura desejo e perigo. O elenco ainda conta com Rodrigo Lombardi em um papel ainda não revelado, aumentando a expectativa dos fãs.

Segundo o IMDb, a série já acumula 7,4/10 de avaliação, baseada em 17 votos, e apresenta um índice de popularidade de 2.687. Embora o número de avaliações ainda seja pequeno, o índice indica um interesse crescente nas primeiras 24 horas.

• Data de estreia: 2 de outubro de 2025
• Formato: 8 episódios de 45 minutos
• Elenco principal: Laura Dutra, Letícia Vieira, Rodrigo Lombardi
• Temas: lobisomens, vampiros, sexualidade adolescente
• Classificação: 16+

Recepção crítica: elogios e advertências

A coluna Quarta Parede da Natelinha (UOL), publicada em 9 de outubro de 2025, trouxe a frase de efeito “uma Malhação com ‘lobimoça’, vampiros e cenas de sexo”. O texto critica a “qualidade duvidosa” da produção, apontando que, apesar da premissa inovadora, a execução parece ainda se apoiar em clichês de romance sobrenatural.

“Os diálogos parecem forçados, e a fotografia ainda não encontra a identidade visual que a história pede”, escreveu o coletivo da coluna, sem atribuir autoria individual. Essa crítica ecoa um sentimento comum entre espectadores que compararam a série ao telenovelo tradicional, esperando uma “nova cara” do drama juvenil.

Entretanto, alguns críticos de cultura pop elogiaram a coragem de incluir cenas eróticas, argumentando que isso amplia o público‑alvo para jovens adultos, algo que a Globo raramente fez em suas produções de horário nobre.

Estrategia da Globoplay no mercado de streaming

A aposta em Vermelho Sangue faz parte do plano da Globoplay para 2025, que inclui cinco lançamentos originais de ficção juvenil. A ideia é criar um portfólio que “conquiste a geração Z”, segundo um porta‑voz da empresa citado em entrevista ao Valor Econômico em julho de 2025.

Os números de assinantes da plataforma cresceram 12 % no primeiro semestre de 2025, impulsionados por séries de ação e drama. Ao introduzir uma produção local com apelo internacional (fantasia, sobrenatural, romance), a emissora tenta reduzir a dependência de licenças de conteúdo estrangeiro.

Além disso, a inclusão de cenas de sexo e violência moderada amplia as possibilidades de monetização via tiers premium, que permitem acesso a conteúdo “para maiores”. Essa estratégia também responde às críticas de que a streaming brasileira ainda oferece pouca variedade de programas para públicos acima de 18 anos.

Impactos e perspectivas para o futuro dos dramas adolescentes

Se Vermelho Sangue conseguir manter a audiência, pode abrir caminho para outras produções que misturem mitologia local (como a "lobimoça‑guará") com narrativas globais de vampiros e lobisomens, algo ainda raro na TV brasileira.

Especialistas em mídia sugerem que a série pode inspirar novas adaptações de literatura juvenil nacional, que até agora carecia de apoio de grandes estúdios. “Estamos vendo um renascimento do folclore brasileiro em formato de binge‑watch”, afirmou a professora de comunicação da UFRJ, Ana Lúcia Ferreira, em entrevista ao Folha de S.Paulo em agosto de 2025.

Por outro lado, se a crítica apontada pela Natela se confirmar — produção apressada e narrativa rasa —, a confiança dos investidores pode diminuir, atrasando projetos futuros.