Quando Lucas Martins, repórter da Band, empurrou a jornalista Grace Abdou, repórter da Record TV, durante uma transmissão ao vivo, a repercussão foi imediata nas redes sociais e nas redações.
Contexto da cobertura em Alumínio
O episódio aconteceu em Alumínio, interior de São Paulo, cidade de aproximadamente 20 mil habitantes que, nos últimos anos, virou palco de casos de grande interesse jornalístico. Na manhã de 1º de julho de 2025, repórteres das duas emissoras estavam na rua central cobrindo o desaparecimento de duas adolescentes: Layla, 16 anos, e Sofia, 13 anos.
Durante a cobertura, Lucas Martins conduzia uma entrevista para o programa Brasil Urgente quando se aproximou de duas parentes das jovens que conversavam com Grace Abdou. O repórter da Band, ao sentir que a colega estava atrapalhando sua fala, usou o corpo para abrir espaço e acabou afastando fisicamente Grace, tudo captado pelas câmeras de ambas as emissoras.
Detalhes do confronto ao vivo
O diálogo, transmitido em tempo real, revelou a tensão do momento. Lucas perguntou às jovens: "Pode mostrar a foto, por favor?". Grace respondeu calmamente: "Peraí". Em seguida, a repórter da Record — ainda ao vivo — questionou: "Você está ao vivo, Lucas?". O repórter da Band respondeu, sem hesitar: "Estou ao vivo, querida".
Logo depois, Grace confrontou o colega: "Por que você me empurrou?". Lucas, ainda em frente às câmeras, respondeu de forma agressiva: "Porque você tá entrando na minha frente propositalmente, e não é a primeira vez que isso acontece. Me dá licença." Ele ainda acrescentou: "Dá licença, Grace. Está louca?".
Para conter a situação, o apresentador Joel Datena, apresentador do Band retornou ao estúdio do Brasil Urgente e interrompeu a transmissão.
Reações oficiais das emissoras
A Record TV não tardou a emitir nota oficial, condenando veementemente a agressão: "A RECORD condena veementemente a agressão praticada pelo repórter da Band, Lucas Martins, ocorrido na tarde desta terça‑feira, 01 de julho, contra nossa repórter Grace Abdou. O boletim de ocorrência foi registrado e medidas judiciais cabíveis serão tomadas."
Por sua vez, a Band ressaltou que o caso não refletia o histórico do jornalista: "Lucas Martins possui uma longa trajetória sem registros semelhantes. Ele foi repreendido e já se retratou publicamente." A emissora, então, decidiu afastar Lucas das reportagens externas até que a situação seja avaliada.
Grace Abdou registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Alumínio e divulgou, em seus Stories, a mensagem "Não passarão", que rapidamente se tornou um bordão nas redes.

Impacto nas redes sociais e no público
Em menos de duas horas, o vídeo do empurrão circulou milhares de vezes no Twitter, Instagram e TikTok. Comentários como "Esse repórter da Band vai cair", "Que sem noção" e "Essa Grace é chatinha, mas nada justifica o empurrão" dividiam a opinião pública. O hashtag #GraceAbdou ganhou mais de 15 mil menções, mostrando como a disputa entre as duas grandes redes de TV aberta ainda mobiliza o interior paulista.
Especialistas em comunicação apontam que a transmissão ao vivo eliminou qualquer possibilidade de edição posterior, gerando uma crise de imagem instantânea. "Quando a agressão acontece em tempo real, a credibilidade das emissoras é colocada à prova. A resposta rápida da Record demonstra que há zero tolerância a comportamentos abusivos", afirma a professora de jornalismo Cláudia Monteiro, da Universidade de São Paulo.
Análise jurídica e medidas disciplinares
O boletim de ocorrência registrado por Grace descreve o fato como "agressão física e moral". Advogados da Record indicam que a ação pode ser enquadrada como crime de lesão corporal leve, previsto no Código Penal brasileiro, e que a emissora pretende entrar com ação civil por danos morais.
Do lado da Band, a diretoria informou que a medida de afastamento será acompanhada por um treinamento de conduta e ética jornalística. "Não queremos que episódios como esse se repitam. O respeito entre profissionais é indispensável", declarou o diretor de jornalismo da Band, Rogério de Araújo.

Perspectivas para o futuro
O caso ainda levanta dúvidas sobre a rivalidade histórica entre Band e Record, que disputa audiências nas regiões interioranas há décadas. Enquanto a Band tenta preservar sua imagem de credibilidade, a Record reforça a postura de denúncia de agressões.
Analistas de mídia sugerem que, nos próximos dias, veremos um aumento nas discussões sobre códigos de conduta dentro das redações brasileiras, sobretudo em coberturas externas ao vivo. Caso a justiça decida por penalidades mais severas, outras emissoras poderão adotar políticas preventivas similares.
Contexto histórico da rivalidade televisiva
Desde a década de 1990, Band e Record competem por audiência em cidades como Campinas, São José do Rio Preto e, claro, Alumínio. Em 2022, um caso semelhante envolvendo TV Globo e SBT ganhou repercussão nas redes, mas não resultou em sanções disciplinares. O diferencial do incidente de 2025 foi, justamente, a transmissão ao vivo, que removeu qualquer margem para manipulação da narrativa.
Alumínio, por sua vez, já vivenciou outros fatos marcantes, como o incêndio na fábrica de minério em 2019, que tirou oito vidas. Essa história de coberturas intensas cria um ambiente onde repórteres de diferentes veículos convergem nas mesmas ruas, elevando a tensão competitiva.
Perguntas Frequentes
Qual foi a reação da Band ao incidente?
A Band afirmou que Lucas Martins tem histórico limpo, repreendeu o jornalista e o afastou das reportagens externas enquanto avalia a situação, além de anunciar treinamento de conduta.
Grace Abdou registrou boletim de ocorrência? O que isso implica?
Sim, ela registrou na delegacia de Alumínio, caracterizando o fato como agressão física e moral. Isso abre caminho para processo penal por lesão corporal leve e ação civil por danos morais.
Como o público reagiu nas redes sociais?
O vídeo viralizou rapidamente, gerando mais de 15 mil menções ao #GraceAbdou. Comentários dividiram-se entre apoio à jornalista e críticas ao comportamento de Lucas, indicando forte polarização.
O que especialistas dizem sobre o impacto desse tipo de conflito ao vivo?
Professores de jornalismo destacam que transmissões ao vivo aumentam a vulnerabilidade das emissoras a crises de imagem, pois não há edição. A reação rápida da Record é vista como estratégia de mitigação de danos.
Quais são as possíveis consequências jurídicas para Lucas Martins?
Ele pode responder criminalmente por lesão corporal leve e ainda ser acionado civilmente por danos morais. A gravidade da pena dependerá da avaliação do juiz e do histórico do jornalista.
Ariadne Pereira Alves
É importante lembrar que o Código de Ética dos jornalistas estabelece claramente a necessidade de respeito mútuo entre colegas de profissão; qualquer tipo de agressão física ou verbal coloca em risco a credibilidade da própria instituição. Em situações ao vivo, a pressão aumenta, mas isso não justifica comportamentos que violam a integridade de outra pessoa. A Record agiu corretamente ao registrar um boletim de ocorrência, pois isso abre caminho para medidas de proteção e responsabilização. Além disso, a Band pode usar esse caso como oportunidade para reforçar treinamentos de conduta, garantindo que episódios semelhantes não se repitam.