Fusão Azul e Gol pode elevar preços e reduzir opções para passageiros no Brasil

Azul e Gol querem unir forças: o que isso significa para quem voa no Brasil

Pensa em viajar de avião dentro do Brasil? Prepare-se para mudanças grandes caso a fusão da Azul com a Gol avance. Se as duas se juntarem, vão dominar 62% do mercado aéreo brasileiro em quantidade de assentos disponíveis, algo jamais visto até agora. Isso coloca boa parte do poder de decisão – de preço a opção de horários – nas mãos de uma empresa gigantesca.

Por que essa fusão está na mesa? Nem Gol nem Azul andam bem das pernas desde a pandemia. A Gol, por exemplo, está em recuperação judicial nos Estados Unidos (o famoso "Chapter 11") para evitar a falência. Azul, por sua vez, renegociou dívidas recentemente para seguir voando. Juntas, querem se manter vivas num setor marcado por custos altos, forte variação do dólar e concorrência acirrada até hoje.

O governo de Lula enxerga a união como um mal necessário para não correr o risco de falência de alguma empresa — o que só pioraria o cenário para passageiros, que já sentem preços subindo nos últimos anos. Mas, ao mesmo tempo, tanto autoridades quanto especialistas em defesa do consumidor veem com preocupação a ideia de fechar ainda mais o mercado.

Menos competição, mais preço e menos escolhas?

Olhe para rotas movimentadas como a ponte aérea São Paulo Congonhas e Rio de Janeiro Santos Dumont: Azul e Gol operam juntas 44 voos diários por ali. Se virarem uma só, dificilmente vão manter todos esses horários. Resultado? Opções reduzidas e tendência de aumento nos valores das passagens, já que LATAM ficaria praticamente sozinha para concorrer em grande parte das rotas. Dados de fusões parecidas lá fora mostram que preços podem subir entre 5% e 15% nessas rotas disputadas.

Além disso, vem aí o desafio dos aviões: a Gol só voa Boeing 737, enquanto a Azul tem de tudo um pouco – Airbus, Embraer, ATR, além de Boeings e até aviões pequenos da Cessna. Isso complica muito o planejamento de rotas regionais, onde a Azul lidera usando aviões menores para pousos em pistas remotas. Fica a dúvida: será que essas cidades menores não vão ficar ainda mais isoladas?

Tem outro ponto quente: os slots – aquelas autorizações para decolar e pousar nos aeroportos mais cheios, como Congonhas e Santos Dumont. O CADE, órgão que fiscaliza concorrência, deve exigir que parte desses slots seja devolvida para evitar monopólio e dar mais espaço para rivais como a LATAM crescerem. Já pensou se só tem uma ou duas opções de companhia para viajar do seu aeroporto?

Até agora, tudo está no campo das negociações. A união só pode seguir caso a Gol saia da recuperação judicial de cabeça erguida e os órgãos reguladores, como CADE e ANAC, deem sinal verde – provavelmente, com algumas exigências duras. Fica o alerta dos especialistas: sem regras claras, quem mais vai sentir no bolso e na experiência de voar é o passageiro brasileiro.

(10) Comentários

  1. Daniel Silva
    Daniel Silva

    Vai subir preço e acabar com opção. Ponto.

  2. Lucas Carvalho
    Lucas Carvalho

    Essa fusão é um desastre anunciado. A Azul já tá com os pés no chão e a Gol tá no Chapter 11, então juntar as duas é tipo juntar dois carros quebrados e achar que vai virar um F-16. Vai ter menos voos, mais preço, e os pequenos aeroportos vão virar fantasma. E o CADE? Tá dormindo? Esse mercado tá virando um monopólio com cara de empresa brasileira de verdade.

  3. Mel Eduarda
    Mel Eduarda

    eu só queria poder viajar sem me endividar 😭 se a gente não tiver opção, a gente paga... mas tá ficando MUITO pesado. alguém lembra quando passagem pra Recife custava 300 reais?

  4. Cidiane Oliveira
    Cidiane Oliveira

    Eu moro em Cuiabá e a Azul é a única que conecta a gente com o resto do país de forma decente. Se eles cortarem esses voos menores pra concentrar no eixo São Paulo-Rio... a gente vai ficar preso. Não é só sobre preço, é sobre direito de ir e vir. 🙏

  5. Adriana Rodrigues
    Adriana Rodrigues

    A gente fala tanto de concorrência, mas esquece que o mercado aéreo brasileiro sempre foi um jogo de poder. A TAM dominou por anos, depois veio a LATAM, e agora a gente vê o mesmo padrão se repetindo. A fusão não é o problema - é a ausência de políticas públicas que garantam acesso real à aviação. Sem infraestrutura, sem regulamentação forte, sem subsídios para rotas regionais... a gente só está trocando um monopólio por outro, só que com mais letras maiúsculas no nome da empresa.

  6. Margaret DaRos
    Margaret DaRos

    É curioso como a população brasileira se emociona com a ideia de 'empresas nacionais', ignorando que a Azul é controlada por fundos de investimento norte-americanos e a Gol tem dívidas em dólares. Essa narrativa de 'nacionalismo aéreo' é pura ilusão. O que realmente importa é a eficiência operacional e a sustentabilidade econômica - e isso, infelizmente, não se resolve com sentimentalismo.

  7. Dani Santos
    Dani Santos

    A fusão pode ser necessária para evitar o colapso do sistema, mas não pode ser feita sem garantias concretas. Se o CADE permitir, precisa exigir: 1) manutenção de 80% dos voos regionais; 2) bloqueio de aumento de preços por 24 meses; 3) liberação de slots para novas entrantes. Não é só sobre economia - é sobre justiça social. Quem mora no interior não pode pagar o preço da centralização.

  8. debora candida
    debora candida

    Se a gente quer mais concorrência porque o mercado tá ruim então porque não deixa a Avianca voltar e a MAP Linhas Aéreas fazer o mesmo? Tá tudo errado só porque a Azul e a Gol são grandes mas a gente esquece que o povo quer preço baixo e não teoria econômica

  9. Marcus Goh
    Marcus Goh

    Tá vendo isso? A gente tem que defender o que é nosso. Essas empresas brasileiras se unem pra não entregar o mercado pro estrangeiro. Se a LATAM quer competir, que compre aviões e abra rotas. Não adianta ficar chorando porque o povo quer voar com companhia que entende o Brasil. Se a fusão salvar empregos e mantém o voo no interior, é o certo. Viva o Brasil!

  10. Joao Paulo Gomes de Oliveira
    Joao Paulo Gomes de Oliveira

    A única coisa que importa é que, depois da fusão, o CADE vai exigir a devolução de slots em Congonhas. Isso vai criar espaço - não pra novas empresas, mas pra que a LATAM se fortaleça e se torne uma alternativa viável. Sem isso, a fusão é um tiro no pé. Mas se o governo não obrigar, o consumidor vai pagar. E vai pagar caro.

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