Quando Berta Loran, atriz e comediante veio a falecer na noite de domingo, 28 de setembro de 2025, o Brasil inteiro sentiu a perda de uma das maiores referências do humor televisivo. O óbito foi confirmado pelo Hospital Copador, localizado em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Trinta segundos de silêncio na emissora que a acalentou, a TV Globo, já eram quase uma promessa de homenagem.
Contexto histórico e início de vida
Nascida em Varsóvia, Polônia, em 1926, Berta chegou ao Brasil aos nove anos, fugindo das turbulências da Europa pós‑Segunda Guerra Mundial. A imigrante rapidamente se adaptou ao português, mas manteve o sotaque suave que, mais tarde, se tornaria parte de sua marca registrada nos palcos de humor.
Seu primeiro contato com o teatro foi em 1945, num pequeno grupo de imigrantes em São Paulo. A partir daí, mergulhou em companhias de teatro amador, onde aprendeu a equilibrar drama e comédia – uma habilidade que definiria sua carreira por mais de sete décadas.
A trajetória na TV Globo
A estreia na TV Globo ocorreu em 1966, no programa Riso Sinal Aberto. Na época, a emissora ainda buscava identidade humorística e Berta, com seu timing impecável, tornou‑se peça-chave. Dois anos depois, ela participou de Balança Mas Não Cai, onde interpretou a famosa ‘Dona Benta’, que arrancou gargalhadas de toda a audiência.
Em 1973, chegou ao Satiricom, consolidando seu papel como “coringa” da TV. Mas foi nos anos 1990 que Berta alcançou o ápice da popularidade ao integrar a Escolinha do Professor Raimundo. Ali, seu personagem ‘Vizinhança da Vovó’ ficou marcado como sinônimo de humor leve e crítico.
Os anos 2000 trouxeram novas oportunidades: Zorra Total (1999) e A Grande Família (2012) – duas das sitcoms mais assistidas da história da TV brasileira. Em cada uma, Berta trouxe uma camada de sabedoria que só quem viveu quase um século pode oferecer.
Participações em novelas e outras artes
A versatilidade de Berta não se limitou ao humor. Em 1984, fez parte da novela Amor com Amor se Paga, interpretando a matriarca de uma família tradicional. Em 1986, marcou presença em Cambalacho, e, mais recentemente, em 2019, apareceu em A Dona do Pedaço, onde sua interpretação de ‘Vovó Gilda’ recebeu elogios de críticos e telespectadores.
Além das telinhas, Berta atuou em mais de 30 peças de teatro, incluindo a clássica O Alienista (1998) e a comédia O Beijo no Asfalto (2005). No cinema, dirigiu um curta‑metragem documental chamado Risos de Outras Eras, lançado em 2017, que celebra a história do humor no Brasil.
Reações da indústria e fãs
Logo após o anúncio, Fernanda Montenegro, a atriz mais aclamada do país, comentou: “Berta foi a ponte que ligou gerações, sua risada ainda ecoa nos corredores da Globo.” O presidente da TV Globo, Paulo Pequeno, afirmou em coletiva que “a emissora perderá uma das suas maiores referências de humor, mas seu legado permanecerá vivo em todos os programas que ela ajudou a construir”.
Nas redes sociais, o #BertaLoranAtua foi trending por 18 horas, com fãs compartilhando trechos de entrevistas antigas e mensagens de agradecimento. O humorista Whindersson Nunes postou um vídeo lembrando a frase “Quem tem medo de rir, não merece viver”, atribuída à atriz em 2003.
Legado e influência
Ao longo de 70 anos de carreira, Berta participou de 12 programas de humor, 8 novelas e estrelou 27 peças de teatro – números que a colocam entre os profissionais mais prolíficos da história da televisão brasileira. Sua habilidade de transitar entre o riso e o drama influenciou artistas como Tatá Werneck, que citou Berta como “a primeira mulher a mostrar que a comédia pode ser profunda”.
Especialistas em mídia destacam que a permanência de Berta na TV em quatro décadas diferentes demonstra sua capacidade de se reinventar. A professora de comunicação Sandra Melo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica: “Ela soube ler o público, adaptar o humor às mudanças socioculturais e, ao mesmo tempo, manter a identidade que a tornou querida”.
Próximos tributos e homenagens
Para honrar sua memória, a TV Globo programará um especial de 90 minutos em 5 de outubro, com entrevistas, cenas icônicas e depoimentos de colegas. O Theatro Municipal do Rio de Janeiro também receberá uma peça teatral intitulada “Risos Eternos”, dedicada à vida da artista.
Além disso, o Ministério da Cultura anunciou a criação de um fundo de bolsas para jovens atores de comédia, batizado de “Berta Loran Jovem Talento”. A expectativa é que a iniciativa ajude a preservar o humor como ferramenta de crítica social, objetivo que sempre esteve presente na obra de Berta.
Fatos principais
- Data do falecimento: 28/09/2025, às 99 anos.
- Local: Hospital Copador, Copacabana, Rio de Janeiro.
- Carreira: mais de 70 anos na TV, teatro e cinema.
- Programas de destaque: Escolinha do Professor Raimundo, Zorra Total, A Grande Família.
- Legado: mais de 30 peças de teatro, 12 programas de humor e 8 novelas.
Perguntas Frequentes
Qual foi o primeiro programa de TV que Berta Loran participou?
Berta estreou na televisão em 1966 no programa Riso Sinal Aberto, transmitido pela TV Globo, onde interpretou pequenos quadros de humor que chamaram a atenção da diretoria da emissora.
Quantas novelas ela participou ao longo da carreira?
Ao todo, Berta Loran integrou 8 novelas, começando por Amor com Amor se Paga (1984) e culminando com A Dona do Pedaço (2019), sempre trazendo personagens que mesclavam humor e dramaticidade.
Como a comunidade teatral homenageou Berta após seu falecimento?
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro anunciou a montagem da peça Risos Eternos, que reúne trechos de suas performances e depoimentos de colegas, além de uma noite de memória ao vivo no dia 12 de outubro.
Qual foi a reação da TV Globo ao perder uma das suas maiores artistas?
A diretoria da Globo dedicou um especial de 90 minutos ao legado de Berta, com entrevistas de atores, diretores e produtores que trabalharam ao seu lado, além de exibir cenas inéditas de bastidores.
O que o governo brasileiro fez em homenagem a Berta Loran?
O Ministério da Cultura criou o fundo de bolsas “Berta Loran Jovem Talento”, destinado a apoiar estudantes de comédia em cursos de artes cênicas, garantindo que sua influência continue nas futuras gerações.
Fred docearquitetura
Caramba, Berta Loran foi mesmo uma lenda viva da comédia nacional, e perder essa mãe aos 99 anos dói como nada. Cada vez que eu assistia a Escolinha do Professor Raimundo, era como se a gente fosse transportado pra outra época, mas ainda assim super atual. O jeito dela de brincar com o timbre da voz, a entonação, faz qualquer pessoa rir sem esforço. Não dá pra ignorar que ela também abriu portas pra mulheres que hoje são referência, tipo a Tatá Werneck.
Maysa Horita
Concordo plenamente, Fred! A Berta foi a ponte entre gerações e ainda tem muito o que ensinar. Seu humor afiado sempre trazia críticas sutis que faziam a gente pensar enquanto ríamos.
Raphael Dorneles
Talvez a gente não perceba todos os detalhes, mas Berta sempre soube adaptar seu estilo ao momento. Desde o Riso Sinal Aberto até a A Grande Família, ela mantinha a essência: humor com humanidade.
jefferson moreira
É impressionante como ela fez transição entre décadas sem perder a identidade; a própria Globo reconheceu isso no tributo que vai ao ar. E no meio disso tudo, ela ainda encontrava tempo de participar de novelas e teatro, mostrando versatilidade.
Rodrigo Sampaio
Essa figura é referência cultural, não tem como negar. Quando a gente pensa em humor que ultrapassa a telinha e conversa com a sociedade, Berta aparece como exemplo clássico. Ela foi pioneira, inovadora e ainda assim manteve aquele toque de calor humano que faz todo mundo sentir-se próximo.
Bruna Matos
A perda de Berta Loran representa um marco na história da televisão brasileira, pois ela esteve presente em momentos cruciais da evolução do humor nacional, refletindo as transformações sociais, políticas e culturais do país ao longo de sete décadas. Seu ingresso na TV Globo, em 1966, coincidiu com a fase de experimentação da emissora, que buscava definir sua identidade humorística e, graças ao timing impecável de Berta, conseguiu consolidar um formato que ainda hoje reverbera nas programações diurnas. Na década de 70, quando o Brasil vivia sob regime militar, suas personagens traziam um leve escapismo, mas ao mesmo tempo carregavam sutis críticas que escapavam da censura. Nos anos 90, ao integrar a Escolinha do Professor Raimundo, ela se tornou um ícone da geração que cresceu com a abertura democrática, e suas piadas sobre a burocracia e o cotidiano brasileiro ainda ressoam nos memes atuais. A versatilidade que demonstrou ao transitar entre sitcoms como Zorra Total e dramas como A Grande Família mostrou seu talento de adaptar o humor ao contexto narrativo, nunca se limitando a um único estilo. Sua participação em novelas, embora menos frequente, deixou marcas indeléveis, especialmente ao interpretar matriarcas que mesclavam dramatismo com uma pitada de comicidade, algo raro na época. Além da tela, Berta também se destacou no teatro, dirigindo o curta‑metragem ‘Risos de Outras Eras’, que se tornou uma peça fundamental para historiadores do humor e estudantes de artes cênicas. O reconhecimento institucional, como o fundo de bolsas “Berta Loran Jovem Talento”, demonstra como seu legado ultrapassa a memória afetiva e se transforma em política cultural concreta, incentivando novas gerações a explorar o humor como ferramenta de crítica social. Muitos comediantes atuais, como Tatá Werneck e Whindersson Nunes, citam Berta como inspiração, o que evidencia sua influência transversal no cenário artístico contemporâneo. Em síntese, Berta Loran não foi apenas uma atriz; foi uma arquiteta do humor brasileiro, cujas contribuições moldaram a maneira como o país ri de si mesmo e, ao mesmo tempo, se questiona.
Aline Tongkhuya
É claro que o legado dela vai muito além da TV, lembra que ela também atuou em mais de 30 peças de teatro, incluindo clássicos como O Alienista. A gente sente falta desse tipo de artista que consegue equilibrar drama e comédia de forma tão natural.
valdinei ferreira
Sem dúvidas, a partida da Berta Loran marca o fim de uma era; porém, sua história continuará viva nas memórias dos fãs e nos corredores da Globo, onde seu riso ainda ecoa. É importante que continuemos a estudar suas técnicas e percursos para inspirar novos talentos.
Brasol Branding
Que perda enorme.
Fábio Neves
Enquanto todo mundo idolatra a Berta, ninguém comenta as possíveis ligações políticas que a Globo tem com certas elites, e como a mídia costuma apagar partes da história das artes. Não é por nada, mas sempre tem um lado oculto nessas narrativas.
Raphael D'Antona
Não sei por que todo mundo está fazendo tanto drama sobre isso, parece que a gente vai perder um temido vilão da TV, mas na real foi só mais um rosto.
Eduardo Chagas
É absurdo que ainda se fale tanto de respeito à memória da Berta quando, na prática, muitas dessas "homenagens" são mera propaganda da Globo para melhorar a imagem. Precisamos olhar além do brilho superficial.
Thaty Dantas
Interessante ver como o ministério criou um fundo em nome dela; será que vai realmente ajudar jovens talentos ou é só gesto simbólico?
Davi Silva
Para quem quiser entender o impacto da Berta na cena cômica, vale a pena assistir às gravações antigas da Escolinha, analisar os roteiros e perceber como ela utilizava a linguagem popular para conectar com o público. Também recomendo ler artigos acadêmicos sobre humor e cultura brasileira, onde o nome dela aparece como estudo de caso. Assim, dá pra valorizar seu legado de forma concreta e ainda inspirar novas gerações a criar conteúdo com significado.