Marcelo Bielsa: tudo que você precisa saber sobre o "El Loco" do futebol
Se você já viu um jogo onde o time pressiona alto, troca de marcação rápido e joga com intensidade constante, há grandes chances de que essas ideias venham de Marcelo Bielsa. Conhecido como "El Loco" por seu jeito apaixonado, Bielsa revolucionou a forma como treinadores encaram o ataque e a defesa.
Como surgiram as táticas de Bielsa?
Começou nos anos 80, quando ele comandava o Newell's Old Boys na Argentina. Lá, Bielba desenvolveu o chamado "3‑4‑3" que, na prática, equivale a um 4‑3‑3 com laterais recuados. A ideia era criar um bloco compacto para pressionar o adversário logo na saída de bola. O resultado? O Newell dominava a posse e ainda tinha opções de contra‑ataque rápido.
Quando se mudou para o Olympique de Marselha, ele refinou o conceito do "pressing 4‑3‑3", que hoje é usado por alguns dos maiores clubes da Europa. O segredo está no treinamento obsessivo: cada jogador tem que entender o timing da pressão, saber quando fechar o espaço e quando recuar.
Passando pelos clubes: da Argentina à Premier League
Depois de passar pela Argentina, Bielsa chegou ao México (León), depois à Espanha (Athletic Bilbao) e à Inglaterra (Leeds United). Em cada parada, ele adaptou o método à cultura local, mas nunca abandonou a base: velocidade, transição rápida e jogadores polivalentes.
No Leeds, por exemplo, a equipe ficou conhecida por criar mais de 30 finalizações por partida, mesmo enfrentando clubes com muito mais orçamento. O técnico exigia doses gigantescas de condicionamento físico, mas também liberdade criativa: é comum ver laterais avançando como pontas e volantes se transformando em meio‑campo ofensivo.
Esses resultados chamaram a atenção de seleções nacionais. Bielsa comandou a Argentina (2004‑2007) e o Chile (2007‑2011). No Chile, ele implementou o famoso "jogo de posição" que ajudou a seleção a chegar à final da Copa América 2015, embora ele já não estivesse mais no cargo. A ideia era manter a bola, mudar de bloco e colocar o adversário em situações desconfortáveis.
Além do campo, Bielsa é conhecido por sua ética rígida: treinos são gravados, análises de vídeo são detalhadas e o técnico pede total honestidade dos jogadores. Essa postura cria um ambiente de confiança, mas também pode ser exaustiva. Por isso, os clubes que o contratam geralmente precisam de tempo para adaptar a equipe, e não é raro que ele deixe o cargo após uma temporada ou duas.
Por que tudo isso importa para você, torcedor ou aspirante a treinador? Primeiro, Bielsa mostra que a pressão alta não é só “correr atrás da bola”. É uma estratégia que exige organização, comunicação e condicionamento. Segundo, ele prova que cada clube tem sua própria identidade, mas os princípios de troca rápida de marcação e movimentação constante podem ser moldados para qualquer estilo.
Se quiser aplicar um toque de Bielsa no seu time amador, comece treinando a saída de bola: faça os jogadores praticarem a pressão logo após perder a posse, em blocos de três. Depois, trabalhe a transição em 5‑10 segundos, priorizando passes curtos e rápidos. Não precisa instalar o 3‑4‑3 completo, basta garantir que todos entendam a ideia de compactação e recuperação rápida.
Em resumo, Marcelo Bielsa é mais do que um nome famoso; ele é uma escola de pensamento que mistura intensidade física, precisão tática e paixão pelo jogo. Quer que seu time jogue como os grandes? Adote a mentalidade de pressão constante, treine a troca de marcação e nunca subestime o poder dos detalhes de vídeo. Bielsa mostrou que, mesmo sem recursos gigantes, é possível competir no mais alto nível quando se tem disciplina e visão de jogo.